sexta-feira, 20 de março de 2015

Colagem III - O Quarto

Aqui meus crimes não seriam de amor.

Ana Cristina César

há naquela casa um quarto
e talvez ainda a cama
em que você morreu
trezentas vezes
raízes brotavam do teu corpo
e invadiam a tarde: nunca
o tempo foi tão fundo
na sombra de um vivente
o gozo o parto a morte
entre as mesmas margens:
dobras de um lençol em branco
que teu corpo descrevia
a tarde agora é outra: mora
outro tempo no teu tempo:
o que ficou de ti foi essa sombra
que fala entre outras mil paredes
Carlos Moreira

neste mesmo quarto
há muito tempo
você me ensinou
novamente a nudez
e então chamamos isso de amor
mas era exagero

Ana Martins Marques


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