terça-feira, 14 de julho de 2015

Eternidade

Ele reviu-se:
não era mais
nem corpo
nem sombra
nem escombros.
Como foi isso?
Tudo irreal:
um barco
sem mar
a boiar.
Ele sentiu-se:
recomeçava.
Vivera
morrendo
numa estrela.
Ele despiu-se
de quê?
De tudo
que amara.
Surdo-mudo
cegara.
Agora vê.
Jorge de Lima

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