quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Do amor contente e muito descontente - 6

Tudo é triste. Triste como nós
Vivos ausentes, a cada dia esperando
      O imutável presente.
Tudo é triste. Triste como eu
       Antiga de carícias
       De olhos e lamentos
       Lenta no andar, lenta
                  Irmã
       De algum canto de ave
       De silêncio na nave, irmã.

       Vamos partir, amor.
       Subir e descer rios
       Caminhar nos caminhos
                  Beijar
       Amar como feras
       Rir quando vier a tarde.
       E no cansaço

Deitaremos imensos
Na planície vazia de memórias.

Hilda Hilst
em Exercícios

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