domingo, 10 de janeiro de 2016

Com passos de fantasma,subirei aquelas escadas
viscosas. Chegarei até você pelos degraus
sombrios, percorrendo andares de pedras desconexas
e lisas, depois farei ranger a fechadura
de sua porta, e meio
adormecida você dirá é só o vento, é um sonho.
Penetrarei em seu sonho, leve,
insidioso, enfiando
sempre mais profundamente o ferrão do terror,
mostrarei para você as toupeiras
de olhos mortos que no centro escuro
do eu cavam os fétidos
e impreenchíveis buracos sem saída,
claro, em você também, profundamente,
enquanto descansa: e naquele mistério
frágil entrarei com toda doçura,
angústia e amargura de meu amor.
Sairei do silêncio
pelo duplo silêncio de avenidas
lunares, ou irei esperar,
em fundos falsos de mala, pálido
pela madrugada, as nuances amargas de um despertar
que não dissipa – sombra espessa –
os porquês que você requer
da vida, do vento,
de minha ausência tão estranha, ou é um sonho.

Dario Villa
trad. davi pessoa
via Facebook

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