terça-feira, 14 de abril de 2015

inexorável a gravidade
entre as tuas cartilagens
inexorável o silêncio
daquilo que não dirás
porque não há a quem
inexorável o medo
de uma noite enorme
em tua mão fechada
e a sombra que escorre
por baixo da porta
inexorável o sorriso no retrato
mesmo que falso e cotidiano
inexorável a tua morte anunciada
a tua morte antecipada
pelo viés do tédio
inexorável o tempo
que levaste descobrindo o mundo
e o mundo é isso mesmo
inexorável teu próprio medo
teu medo tétrico
de voltar pra casa
inexorável tua vida inteira
tua língua teu corpo
tua palavra
um pouco além de nós
gargalha e cala
algum demônio
Carlos Moreira

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