terça-feira, 14 de abril de 2015

Sobre a arte de ser um fantasma

os que vierem (se vierem
não saberemos: o que portanto
é irrelevante) depois de nós
os que nascerem em outro
mundo daqui a duzentos
bilhões de anos e anos-luz
não verão mais as estrelas:
a linha dágua do universo
terá expandido tanto
que as galáxias brilharão
para ninguém: distantes
e inúteis olhos sem espelhos
navegarão sem tramontana
não saberão que surfamos
a explosão na sua onda
que amamos destruímos
escrevemos calculamos
o início luminoso da viagem
:
meu filho de repente
olha o céu a mim sorri:
que sorte nascermos agora e aqui
e eu digo: Sim
Carlos Moreira

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